Na década de 90 foi feita uma pesquisa com de mulheres norte-americanas sobre o que elas mais queriam na vida. Milhares delas responderam que queria ter de 3 a 7 quilos a menos. Ou seja: desejavam muito mais emagrecer do que se realizar pessoalmente e profissionalmente, focar em relações, viagens e seus sonhos. Simplesmente, não aceitavam seus corpos.
Essa pesquisa foi descrita no livro O Mito da Beleza e mostra como a não aceitação do corpo, principalmente para mulheres, pode fazer com que nosso desenvolvimento e evolução pessoal fiquem extremamente limitados à nossa estética.
É interessante como essa questão da preocupação com a estética é visto como algo naturalmente feminino mas quando estudamos mais a fundo o porquê dos padrões estéticos existirem e porque as mulheres são cobradas e pressionadas para atingir esse padrão compreendemos que não é algo feminino.
PORQUE SERÁ QUE ISSO ACONTECE ENTÃO?
Existe interesses econômicos e sociais que usam o mito da beleza como forma de controle da mulher. E além das consequências negativas óbvias como sentimento de inadequação (padrões estéticos foram criados para não serem atingidos), gerar um lucro absurdo para a indústria das dietas, beleza, cirurgias plásticas e até mesmo a da pornografia as mulheres acabam desenvolvendo vários outros problemas emocionais e até mesmo físicos: ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, distorção de imagem corporal, propensão em se manter em relacionamentos abusivos por não se achar boa o suficiente.
Se sentem fracas e “coitadas” por não conseguirem atingir esses padrões, submetem-se à procedimentos cirúrgicos doloridos e invasivos para se adequar e quantas não morrem nas mãos de profissionais inescrupulosos que fazem cirurgias sem estar habilitados para as mesmas ou até mesmo cirurgias desnecessárias.
Trabalhar a aceitação do próprio corpo é um dos primeiros passos para criar uma realidade mais justa para nós mulheres. Apesar de não ser um caminho tão fácil pois o tempo todo somos bombardeadas com informações de como deveríamos ser, existe um caminho lindo de descoberta e libertação que que isso aconteça.
Abaixo eu listei 4 atitudes que você de desenvolver para aceitar o seu corpo:
1. Parar de se comparar com outras pessoas.
Ninguém é igual a ninguém. Nem mesmo irmãos gêmeos. Nossa combinação não só estética mas de habilidades, emoções, pensamentos, personalidade é única.
Mas somos condicionados a acreditar que a “grama do vizinho” é sempre mais verde. Que por acharmos outra mulher mais bonita (baseado em quê?) nos sentimos inferiorizadas e que não somos boas o suficiente.
Esse sentimento gera um ciclo vicioso e faz com que muitas mulheres não se sintam boas suficientes para ter bons relacionamentos, bons empregos e viver a vida com prosperidade e alegria. É algo muito mais profundo.
Por esse motivo, a comparação é nociva. Buscar fontes de inspiração é diferente. Procure seguir e se cercar de pessoas com atitudes positivas em relação à forma física. Evite seguir perfis em redes sociais que são gordofóbicos e preconceituosos. Lembre que existe um objetivo de fazer com que você se sinta mal: ganhar dinheiro em cima de sua insegurança.
2. Parar de aceitar direcionamentos sobre como seu corpo deve ser.
Como disse logo acima: padrões estéticos existem para não serem atingidos, gerar insegurança nas mulheres e lucrar com isso. Escrevi um artigo falando mais sobre isso e para lê-lo, clique aqui.
Portanto cabe a nós, a partir dessa valiosa informação, filtrar, rebater qualquer tipo de comentário, crítica ou opinião que nos diga como nosso corpo deveria ser.
No livro Mulheres que Correm com os Lobos de Clarissa Pinkolas Estés, tem um capítulo lindo chama o Corpo Jubiloso que fala justamente sobre as consequências negativas da não aceitação do nosso corpo. Esse ódio ao corpo que muitas mulheres possuem interferem em no relacionamento com as mulheres da nossa família em níveis sistêmicos. É algo grandioso e que nos desconecta da nossa família.
Segundo Clarissa, a melhor forma de quebrar esse padrão nocivo à nossa saúde física e emocional e não aceitar esses direcionamentos e se empoderar da história do seu corpo.
3. Desenvolver empatia pela sua história: luz e sombra.
Nosso corpo guarda nossa história. Sentimentos e emoções e também histórias das fases e acontecimentos da nossa vida: gestação, amamentação, ter passado por uma cirurgia após sobreviver à um acidente ou à um grave problema de saúde, entre outros.
Quando falo de desenvolver empatia pela nossa história muitas pessoas acham estranho mas pense o seguinte: desenvolver empatia, compaixão e acolhimento por outra pessoa que passou por uma situação dificil ou tem uma história de superação não é mais fácil? Agora porque quando a história é sua as críticas prevalecem? O julgamento é grande? Pois é né…
É necessário respeitar a nossa sombra e nossa luz e como tudo isso refletiu em nosso corpo. Se não fossem por essas histórias você não seria a pessoa que é hoje. Pense nisso.
4. Aceitar que você tem o corpo que você PRECISA ter!
Quando entendi isso tudo começou a ficar mais leve em relação à cobrança que tinha com meu corpo. Principalmente depois das gestações dos meus filhos e de vários acontecimentos que mexeram com meu emocional, percebi que meu corpo ficou maior e mais forte. Tive um estranhamento pois ele não era assim.
Ao compreender que ficar maior é uma forma dele me defender de dores emocionais que a minha criança interior sente me fez entender que não é só do corpo que tenho que cuidar e sim da minha dor emocional.
Me perguntar? O que será que estou sentindo que fez meu corpo reagir dessa forma? Porque será que estou sentindo isso? O que posso fazer para acolher e cuidar dessa minha dor?
São perguntas interessantes e que vão além do que normalmente se faria quando o corpo fica maior: “que tipo de dieta / exercício devo fazer?”, “quantos quilos devo emagrecer?”. “faço uma plástica?”.
Se a dor emocional continuar ali dificilmente o corpo vai responder de acordo de forma saudável. Nosso corpo é reflexo das nossas emoções.
Quando nosso sistema nervoso ainda está em processo de formação (até os 5 anos de idade) a forma como sentimos, percebemos e reagimos ao mundo externo, irá interferir em nosso comportamento e também no formato do nosso corpo.
Por exemplo: se quando éramos crianças sentimos muito forte uma dor, um medo de ser abandonada, sua mente, como forma de protegê-la dessa dor e desse medo irá desenvolver comportamentos e um formato de corpo como recurso e habilidade para essa criança sobreviver.
Para entender um pouco mais sobre isso segue o link de uma aula que dei sobre isso e que irá esclarecer muitas dúvidas! Para assistir a aula clique aqui.
Aceitar o corpo é um processo lento e que exige autoconhecimento. Mas não desanime por isso. O resultado desse processo será uma vida leve, com sentido, autêntica e com muito amor próprio. Permita-se!
Com carinho,
Fernanda Giacomo