COMO DEIXEI DE SER UMA MULHER MASCULINA

Mas que raios é uma MULHER MASCULINA?

Eu era uma Mulher Masculina. Na verdade ao longo da minha vida fui me tornando uma Mulher Masculina. Ainda sou um pouco…

Quando uso o termo “Mulher Masculina” não estou falando de sexualidade, nem mesmo de aparência. Sempre fui, e continuo sendo, uma mulher vaidosa, que sempre gostou de se cuidar. Esse termo está relacionado ao comportamento e atitudes masculinas que uma mulher pode desenvolver. 

Sabe aquela coisa de ver uma mulher se queixando por que está com cólica e você se pegar pensando: “Ai que frescura….” ou quando alguém te fecha no trânsito e você vê que é uma mulher dirigindo e você fala: “Tinha que ser mulher mesmo….”. E quando nós trabalhamos em ambientes corporativos onde, discretamente, existe uma pressão para nos comportarmos de uma forma mais masculina. Onde praticamente nos sentimos mal em dizer que precisamos sair mais cedo para levar nosso filho no médico e, ainda por cima, agüentar a cara feia do chefe que, muitas vezes, pode ser uma mulher (que é bem provável que tenha optado por não ter filhos para não atrapalhar na carreira). Esses são alguns exemplos que eu já vivi e outros que eu presenciei.

Agora eu penso: “Porque será que as mulheres ficam assim? Parece que, em algumas situações, ficamos contra outras mulheres. Será que faz parte da nossa personalidade esse tipo de comportamento? Ou podemos desenvolvê-lo ao longo da nossa vida? Que tipos de conseqüências podemos ter em nossa vida ao “anular” o nosso feminino? ”

Eu fui uma Mulher Masculina durante um bom tempo. Com a maturidade que tenho hoje eu consigo identificar o que me levou a desenvolver esse comportamento e o que me forçou a abandoná-lo. 

COMO TUDO COMEÇOU

Para ficar mais claro onde quero chegar, vou contar a minha história: sou uma pessoa com um espírito de liderança enorme e hoje consigo enxergar que esse perfil de personalidade me acompanha desde menina. Fazem parte da minha característica a determinação, empreendedorismo e necessidade de ser independente. Em contrapartida sempre fui uma menina meiga, carinhosa e super social. 

É claro que não tinha consciência disso quando eu era pequena, mas pelas histórias que meus pais me contam e quando me lembro dos meus sonhos de menina, tudo fica muito claro. Sempre quis ser uma pessoa vencedora e de sucesso!

O que acontece é que, quando somos crianças, somos muito puras e levamos determinados comentários ou situações que presenciamos como algo muito verdadeiro. Algumas coisas são boas, outras nem tanto. E aí que surgem as Crenças Limitantes. 

Em algum momento da minha vida eu desenvolvi a crença, baseado nas coisas que ouvia: que mulher é o sexo frágil porque é mais delicada, sensível e, normalmente mais tranqüila. Que mulher dirige mal; que lugar de mulher é em casa; que faculdade de nutrição era faculdade de cozinheira; que eu tinha que me dedicar aos filhos depois que eles nascessem; que mulher só sabe conversar de novela e da vida dos outros; que é sempre dependente do homem e blá, blá, blá. 

Ou seja: para eu ser a vencedora, e eu queria ser, não poderia ser assim. Que mesmo eu tendo várias qualidades que me tornaria vencedora e independente, somente o fato de eu ser uma mulher, acabava com todo meu potencial.

Então eu percebi que comecei a ficar incomodada com características femininas. Comecei a trabalhar com 13 anos e com 17 trabalhava (às vezes em até 2 empregos) e já cursava nutrição, um curso onde só tinha mulheres. Para ajudar, carinhosamente ganhei o apelido de Ferzão. Não era a Ferzão, era “o” Ferzão (até hoje minhas amigas de faculdade me chamam assim!). Sempre ficava incomodada quando escutava comentários machistas, mas não percebia que, secretamente, também tinha esses pensamentos. Ignorava esses pensamentos empreendendo, trabalhando muito, praticando esportes e fazendo aulas de bateria(!).

E assim eu fui levando minha vida até que…. BUM! Fique grávida do meu primeiro filho aos 25 anos. Foi um choque, mas na verdade foi o começo do resgate do meu feminino. Não existe coisa mais feminina na fase da terra do que ter um filho! 

Durante a gestação minha ficha ainda não tinha caído. Fiquei muito mal com as limitações que a gravidez me proporcionou: tinha muito sono, dificuldade de controlar meu apetite, não podia mais fazer os exercícios intensos que eu adorava. Fora o fim da gestação, onde tive que ficar de repouso durante um mês por causa de uma complicação. Para uma Mulher Masculina passar por todas essas coisas por causa de algo tão feminino foi um processo doloroso, mas fundamental para minha evolução pessoal.

E A MULHER FEMININA SAIU DO CASULO!

Quando meu filho nasceu foi mais um choque! Senti na pele que não podia mais pensar em nada na vida sem considerar meu filho. Que se acontecesse qualquer coisa comigo, iria impactar na vida do meu filho, e toda a responsabilidade que teria a vida inteira por outra pessoa. Não demorou muito e uma depressão pós parto se instalou. É claro que não foi um período fácil, mas foi muito importante para olhar para dentro e ver o que estava acontecendo.

Percebi que a minha Mulher Masculina estava entrando em conflito com toda essa feminilidade. Agora minha vida não dava pra ser 100% rock n roll. A vida estava pedindo para eu colocar um tom pastel, URGENTE!

Além de procurar ajuda profissional, li muito durante esse período. Não livros sobre como cuidar de bebês, mas sim sobre mulheres e a nossa essência. Descobri coisas fantásticas sobre mulheres guerreiras e sobre as Deusas. Você sabia que as mulheres Vikings levavam seus filhos para batalha e lutavam sozinhas ou ao lado de seu parceiro? Que as Amazonas eram extremamente habilidosas em batalha e mulheres fortes para a época? E que durante um longo período anterior ao sistema patriarcal, há 5 mil anos, as mulheres eram respeitadas e admiradas e que, não haviam deuses masculinos? Eu não sabia e fiquei encantada com esses dados históricos. 

Parece coisa de criança, mas pensei: dá pra eu ser forte e conquistadora como sempre quis ser e, ainda por cima manter minha essência feminina! Aos poucos fui quebrando as crenças limitantes sobre o feminino. Entendi que ser mulher não me torna mais fraca ou menos competente. Confesso que não é fácil, pois sinto essa diferença de tratamento, principalmente no trabalho, mas o importante é dar atenção às necessidade de mudança que a vida nos traz e respeitar nossos valores pessoais.

Hoje eu tenho orgulho de ser mulher. Continuo sendo prática, objetiva, empreendedora, batalhadora e independente. Alguns desses adjetivos costumam ser relacionados com o mundo masculino, mas entendo que eles fazem parte da minha personalidade e que, associados com as minhas características do mundo feminino como sensibilidade, suavidade, acolhimento, aceitação e intuição, me tornam uma mulher única. 

A Mulher Masculina que me acompanhou durante um período da minha vida já não existe mais. Penso nela com grande carinho e gratidão, pois sem ela, a Mulher Feminina e forte dentro de mim jamais iria aflorar!

Com carinho,

Fernanda

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